sexta-feira, 22 de maio de 2015

Depoimento sobre Luiz Basso
Ageu Vieira
Conheci Luiz Basso na Câmara de Vereadores, em 1984. No início de novembro daquele ano cheguei a São Miguel do Oeste, para trabalhar na Rádio Peperi, então dirigida pelo jornalista Ademar Baldissera. Logo na minha chegada, me disseram que Ademar Baldissera, que era vereador pelo PDS, mantinha uma contenda histórica com Basso, que era a principal liderança do PMDB. Ninguém chegou a me dizer para não entrevistar Luiz Basso, mas bastava estar na rádio ou ouvir os comentários do Ademar, no Peperi Entrevista, para perceber que não era recomendável abrir espaço jornalístico para o vereador peemedebista.
Como sempre fui bastante contestador, entrevistei Basso algumas vezes, mas logo me deixaram claro que não deveria fazê-lo. O que me impressionou, nesses primeiros contatos, foi a seriedade no trato das questões políticas e o jeitão quase simplório de falar de Luiz Basso. Apesar das ressalvas para entrevistá-lo, ele jamais reclamou. Pelo menos, não comigo. Sempre educado e bonachão.
Acompanhei a eleição de 1985, que envolvia o ex-prefeito nomeado, Jarcy Antônio De Martini, o vereador Luiz Basso e o presidente da Cooper São Miguel, Lino Lindner. Na Rádio Peperi havia uma clara opção por Lino Lindner. Tanto que o comício de encerramento da campanha foi quase dentro da rádio. Na frente do prédio, com os funcionários assistindo de camarote, pois havia um showmício com Gaúcho da Fronteira.
Uma história interessante daquela eleição aconteceu comigo. Três dias antes do pleito, Ademar Baldissera veio até a redação com um papel escrito à máquina com críticas duras a Luiz Basso, para que eu digitasse e incluísse no jornal Globo em Foco. Dentre outras coisas, dizia que Luiz Basso fora vereador durante vinte anos e que nesse período não havia uma única obra na cidade que pudesse ser fruto de seu trabalho. Eu estava sentado à frente da máquina e Ademar em pé, ao meu lado.
Quando li o que ele me pedia, percebi que o texto caracterizava um flagrante crime eleitoral, às vésperas da eleição. Então, eu disse ao Ademar:
- Isso não pode ser colocado no Globo em Foco. É crime eleitoral. Sem falar que não é verdade, pois o Basso sempre foi vereador. Vereador não faz obra.
- Mas eu estou mandando você colocar no Globo em Foco, disse o Ademar.
- Mesmo assim, não vou colocar, respondi.
- Ele então disse: “vai colocar porque a rádio é minha”.
- Bom, nesse caso, coloca você, eu respondi e sai da sala.
Resumindo: Ademar Baldissera colocou a matéria. No início da tarde a rádio foi tirada do ar por determinação da Justiça Eleitoral. Eu passei pelo Ademar no corredor e apenas abri os braços, como a dizer: “não te falei?”.
Apesar desse fato, meu relacionamento profissional com o Ademar sempre foi bom. Ele sempre me respeitou. E o Luiz Basso ganhou a eleição com folga. O episódio acirrou ainda mais a cizânia entre Ademar Baldissera e o líder do PMDB.
Na posse de Luiz Basso, fui escalado para transmitir a solenidade. Na “prefeitura nova”, postei-me ao lado de Basso, de microfone em punho, naquela rampa que hoje é a entrada dos servidores municipais. O novo prefeito discursou e eu, segurando o microfone, baixei a cabeça, olhei para o chão e fiquei surpreso. A fala de Basso era firme. Mas ele estava tão nervoso que suas pernas tremiam. Devia estar passando por um momento de grande emoção. Já me disseram que apareço nessa fotografia da posse, mas nunca a vi. Gostaria de tê-la nos meus arquivos.
Depois disso, tive a oportunidade de entrevistar Luiz Basso, já como deputado estadual, quando trabalhava em Chapecó. Em meu retorno à Rede Peperi, muitos anos depois da morte de Ademar Baldissera, voltei a entrevistar o ex-prefeito. Quando lançamos o programa em vídeo Agora é Sério, pelo Portal São Miguel, entrevistei Luiz Basso pela última vez. Se meu depoimento serve de parâmetro, em mais de 35 anos de jornalismo, jamais vi alguém ser perseguido de forma tão séria pela mídia quanto Basso. Houve época em que entrevistar Luiz Basso num programa de rádio era quase uma transgressão em São Miguel do Oeste.
Em tempo: este depoimento fiz para Lotário Staub, que está escrevendo uma biografia sobre o ex-prefeito, ex-vereador e ex-deputado Luiz Basso.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

A saída é dar nomes aos “%43@*@”

Que o governo está perdido, todo mundo sabe. Que colocaram um economista ortodoxo para cuidar de um projeto heterodoxo, todo mundo sabe. Que a coerência foi para a cucuia, arrastada para o ralo junto com a moralidade, também. Mas as últimas notícias de Brasília são, ao menos, curiosas.
Estava assistindo a manifestação do senador Lindbergh Farias, do PT, e quase caí do sofá! Ele pediu a saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy!
Estão sendo votadas no Senado as emendas às medidas econômicas de ajuste fiscal, como os cortes nos benefícios previdenciários para a concessão de pensões por morte e as regras do seguro-desemprego. E parece que o Senado, ao contrário do que se vislumbrava, pode rever tudo isso que já foi votado.
Viúvas e viúvos, muitas vezes, são levados a se deslocar até o INSS ou aos bancos para provar que estão vivos. Uma insensibilidade que beira à insanidade. Mas vá lá. É melhor do que pagar pensão para mortos ou estrangeiros. Mas agora, pessoas que perdem seus companheiros ficam à mercê da ajuda de filhos e netos quando mais precisam, com as medidas propostas pelo governo. Cortar os benefícios dessa gente pela metade? Exatamente no momento de maior crise financeira do Brasil e do retorno da inflação?
E o drama dos milhares de desempregados? Não bastasse ao governo maquiar os dados, iludindo os incautos, para fazer ver um quadro irreal de pleno emprego, agora se tenta eliminar direitos, contrariando tudo o que foi prometido na campanha. Enganaram e continuam enganando. Cortar direitos no seguro-desemprego exatamente na hora em que o país enfrenta a maior crise de empregabilidade é como tirar a bóia salva-vidas na hora em que a pessoa está se afogando. Cadê a sensibilidade e o apoio na hora em que o trabalhador desempregado mais precisa?
Claro que existem desvios de concessão no seguro-desemprego. É certo que muitas pessoas usufruem do seguro-desemprego indevidamente. Mas isso se combate com fiscalização, não com cortes nos direitos! Fraudar o seguro-desemprego é crime e devem ser punidos tanto o empregado quanto o empresário fraudador. Fiscalizar é a saída. Jamais punir aqueles que realmente precisam do benefício.
O brasileiro já demonstrou a sua insatisfação com a classe política. Me parece que ainda está faltando mais. Está faltando nominar quem são os deputados e senadores que vem votando contra o povo. É assim que nós vamos conseguir defender os interesses da população contra esses parasitas encastelados em Brasília.

terça-feira, 12 de maio de 2015

Pau que bate em Chico, bate em Francisco...
Muita gente não entende quando critico partidos políticos e não livro a cara de ninguém. Até pessoas de minhas relações, amigos e companheiros, estranham quando digo que não tenho filiação partidária. Gosto de política e manifesto minhas opiniões todos os dias. Ontem mesmo, um amigo me disse: "Vocês do PMDB estão de luto por causa do Luiz Henrique". É que ele viu minha opinião sobre a morte do peemedebista. E ficou surpreso quando disse que não sou filiado ao PMDB. Nem ao PP, nem ao PSD, ou ao PT, ou ao PSDB. Não tenho filiação partidária.
Isso me permite pensar livremente e opinar sem amarras.
Por essa razão, não livro a cara de ninguém. Ao contrário de muita gente que em situações semelhantes, age de forma diferente. Por exemplo: PSDB e PT. No Paraná, o corte de direitos previdenciários é promovido pelo PSDB e o PT vai para as ruas e ataca o governo com críticas duras. E fundamentadas, por sinal. É um crime cortar direitos de quem passou a vida inteira contribuindo. Mas os mesmos que criticam no Paraná, silenciam em Brasília, onde o governo federal corta direitos previdenciários de todos os brasileiros. Pior: das pensões por morte, que são os benefícios de viúvos e viúvas... E o PSDB, que critica lá, defende aqui.
No meio de tudo, o povo.