Depoimento sobre Luiz Basso
Ageu Vieira
Conheci Luiz Basso na Câmara de Vereadores, em 1984. No início de novembro daquele ano cheguei a São Miguel do Oeste, para trabalhar na Rádio Peperi, então dirigida pelo jornalista Ademar Baldissera. Logo na minha chegada, me disseram que Ademar Baldissera, que era vereador pelo PDS, mantinha uma contenda histórica com Basso, que era a principal liderança do PMDB. Ninguém chegou a me dizer para não entrevistar Luiz Basso, mas bastava estar na rádio ou ouvir os comentários do Ademar, no Peperi Entrevista, para perceber que não era recomendável abrir espaço jornalístico para o vereador peemedebista.
Como sempre fui bastante contestador, entrevistei Basso algumas vezes, mas logo me deixaram claro que não deveria fazê-lo. O que me impressionou, nesses primeiros contatos, foi a seriedade no trato das questões políticas e o jeitão quase simplório de falar de Luiz Basso. Apesar das ressalvas para entrevistá-lo, ele jamais reclamou. Pelo menos, não comigo. Sempre educado e bonachão.
Acompanhei a eleição de 1985, que envolvia o ex-prefeito nomeado, Jarcy Antônio De Martini, o vereador Luiz Basso e o presidente da Cooper São Miguel, Lino Lindner. Na Rádio Peperi havia uma clara opção por Lino Lindner. Tanto que o comício de encerramento da campanha foi quase dentro da rádio. Na frente do prédio, com os funcionários assistindo de camarote, pois havia um showmício com Gaúcho da Fronteira.
Uma história interessante daquela eleição aconteceu comigo. Três dias antes do pleito, Ademar Baldissera veio até a redação com um papel escrito à máquina com críticas duras a Luiz Basso, para que eu digitasse e incluísse no jornal Globo em Foco. Dentre outras coisas, dizia que Luiz Basso fora vereador durante vinte anos e que nesse período não havia uma única obra na cidade que pudesse ser fruto de seu trabalho. Eu estava sentado à frente da máquina e Ademar em pé, ao meu lado.
Quando li o que ele me pedia, percebi que o texto caracterizava um flagrante crime eleitoral, às vésperas da eleição. Então, eu disse ao Ademar:
- Isso não pode ser colocado no Globo em Foco. É crime eleitoral. Sem falar que não é verdade, pois o Basso sempre foi vereador. Vereador não faz obra.
- Mas eu estou mandando você colocar no Globo em Foco, disse o Ademar.
- Mesmo assim, não vou colocar, respondi.
- Ele então disse: “vai colocar porque a rádio é minha”.
- Bom, nesse caso, coloca você, eu respondi e sai da sala.
Resumindo: Ademar Baldissera colocou a matéria. No início da tarde a rádio foi tirada do ar por determinação da Justiça Eleitoral. Eu passei pelo Ademar no corredor e apenas abri os braços, como a dizer: “não te falei?”.
Apesar desse fato, meu relacionamento profissional com o Ademar sempre foi bom. Ele sempre me respeitou. E o Luiz Basso ganhou a eleição com folga. O episódio acirrou ainda mais a cizânia entre Ademar Baldissera e o líder do PMDB.
Na posse de Luiz Basso, fui escalado para transmitir a solenidade. Na “prefeitura nova”, postei-me ao lado de Basso, de microfone em punho, naquela rampa que hoje é a entrada dos servidores municipais. O novo prefeito discursou e eu, segurando o microfone, baixei a cabeça, olhei para o chão e fiquei surpreso. A fala de Basso era firme. Mas ele estava tão nervoso que suas pernas tremiam. Devia estar passando por um momento de grande emoção. Já me disseram que apareço nessa fotografia da posse, mas nunca a vi. Gostaria de tê-la nos meus arquivos.
Depois disso, tive a oportunidade de entrevistar Luiz Basso, já como deputado estadual, quando trabalhava em Chapecó. Em meu retorno à Rede Peperi, muitos anos depois da morte de Ademar Baldissera, voltei a entrevistar o ex-prefeito. Quando lançamos o programa em vídeo Agora é Sério, pelo Portal São Miguel, entrevistei Luiz Basso pela última vez. Se meu depoimento serve de parâmetro, em mais de 35 anos de jornalismo, jamais vi alguém ser perseguido de forma tão séria pela mídia quanto Basso. Houve época em que entrevistar Luiz Basso num programa de rádio era quase uma transgressão em São Miguel do Oeste.
Como sempre fui bastante contestador, entrevistei Basso algumas vezes, mas logo me deixaram claro que não deveria fazê-lo. O que me impressionou, nesses primeiros contatos, foi a seriedade no trato das questões políticas e o jeitão quase simplório de falar de Luiz Basso. Apesar das ressalvas para entrevistá-lo, ele jamais reclamou. Pelo menos, não comigo. Sempre educado e bonachão.
Acompanhei a eleição de 1985, que envolvia o ex-prefeito nomeado, Jarcy Antônio De Martini, o vereador Luiz Basso e o presidente da Cooper São Miguel, Lino Lindner. Na Rádio Peperi havia uma clara opção por Lino Lindner. Tanto que o comício de encerramento da campanha foi quase dentro da rádio. Na frente do prédio, com os funcionários assistindo de camarote, pois havia um showmício com Gaúcho da Fronteira.
Uma história interessante daquela eleição aconteceu comigo. Três dias antes do pleito, Ademar Baldissera veio até a redação com um papel escrito à máquina com críticas duras a Luiz Basso, para que eu digitasse e incluísse no jornal Globo em Foco. Dentre outras coisas, dizia que Luiz Basso fora vereador durante vinte anos e que nesse período não havia uma única obra na cidade que pudesse ser fruto de seu trabalho. Eu estava sentado à frente da máquina e Ademar em pé, ao meu lado.
Quando li o que ele me pedia, percebi que o texto caracterizava um flagrante crime eleitoral, às vésperas da eleição. Então, eu disse ao Ademar:
- Isso não pode ser colocado no Globo em Foco. É crime eleitoral. Sem falar que não é verdade, pois o Basso sempre foi vereador. Vereador não faz obra.
- Mas eu estou mandando você colocar no Globo em Foco, disse o Ademar.
- Mesmo assim, não vou colocar, respondi.
- Ele então disse: “vai colocar porque a rádio é minha”.
- Bom, nesse caso, coloca você, eu respondi e sai da sala.
Resumindo: Ademar Baldissera colocou a matéria. No início da tarde a rádio foi tirada do ar por determinação da Justiça Eleitoral. Eu passei pelo Ademar no corredor e apenas abri os braços, como a dizer: “não te falei?”.
Apesar desse fato, meu relacionamento profissional com o Ademar sempre foi bom. Ele sempre me respeitou. E o Luiz Basso ganhou a eleição com folga. O episódio acirrou ainda mais a cizânia entre Ademar Baldissera e o líder do PMDB.
Na posse de Luiz Basso, fui escalado para transmitir a solenidade. Na “prefeitura nova”, postei-me ao lado de Basso, de microfone em punho, naquela rampa que hoje é a entrada dos servidores municipais. O novo prefeito discursou e eu, segurando o microfone, baixei a cabeça, olhei para o chão e fiquei surpreso. A fala de Basso era firme. Mas ele estava tão nervoso que suas pernas tremiam. Devia estar passando por um momento de grande emoção. Já me disseram que apareço nessa fotografia da posse, mas nunca a vi. Gostaria de tê-la nos meus arquivos.
Depois disso, tive a oportunidade de entrevistar Luiz Basso, já como deputado estadual, quando trabalhava em Chapecó. Em meu retorno à Rede Peperi, muitos anos depois da morte de Ademar Baldissera, voltei a entrevistar o ex-prefeito. Quando lançamos o programa em vídeo Agora é Sério, pelo Portal São Miguel, entrevistei Luiz Basso pela última vez. Se meu depoimento serve de parâmetro, em mais de 35 anos de jornalismo, jamais vi alguém ser perseguido de forma tão séria pela mídia quanto Basso. Houve época em que entrevistar Luiz Basso num programa de rádio era quase uma transgressão em São Miguel do Oeste.
Em tempo: este depoimento fiz para Lotário Staub, que está escrevendo uma biografia sobre o ex-prefeito, ex-vereador e ex-deputado Luiz Basso.
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