quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Confirmando

A vereadora Cris Zanatta filiou-se ao PSDB. Uma grande aquisição para os tucanos de São Miguel do Oeste, não apenas por chegar à presidência da Câmara, como a conquista de uma cadeira no poder legislativo. Não se pode esquecer o potencial de votos que a vereadora agrega à sigla. Também é inegável que essa mudança altera o quadro político, pois Cris Zanatta aparece com potencial para a corrida majoritária. O PSDB está rindo à toa. Resta saber que caminhos o PMDB vai tomar diante dessa perda de força na Câmara de Vereadores. 

Mudança

A saída de Cris Zanatta do PMDB foi uma iniciativa deixada para a última hora, mas não é surpresa alguma. Desde a eleição, no início do ano, com o PT e o PR, gerou-se uma situação insustentável, apimentada por declarações fortes e definitivas, de parte a parte. Nos bastidores, a crise era ainda pior. O PMDB analisou inclusive a possibilidade de expulsão, o que juridicamente era bastante difícil, já que a vereadora votou nela mesma na eleição da Câmara. Há um acordo que foi descumprido, mas isso geraria uma batalha longa e desgastante, que talvez não terminasse com o fim do mandato.

Para ambos

A saída da vereadora Cris Zanatta gera um evidente desgaste para o PMDB, mas foi a solução mais viável e sensata para os dois lados. O PMDB corria o risco de ter a presidente da Câmara concorrendo pela sigla e pedindo votos para a oposição. Ela é candidata nata e tem vaga garantida para concorrer. Não poderia ser barrada pelo partido. Já a vereadora, poderia ter uma campanha complicada, com o partido e filiados trabalhando contra durante o processo eleitoral. E mais: a briga nunca foi superada e a cisão era dolorosa para ambos. O desfecho foi dos males, o menor.

Perimetral

No governo do ex-prefeito Jarcy Antônio de Martini, o Gaplan, que era o Gabinete de Planejamento do Governo do Estado, através de convênio com a prefeitura de São Miguel do Oeste, elaborou o mapa da cidade. Em direção a Bandeirante, a cidade só ia até a Rua Oiapoc. O curioso é que havia um projeto de contorno viário, chamado Perimetral Oeste, que deveria cortar a área onde hoje é a UNOESC, interligando, na altura da antiga Ceval, à rua Dom Pedro II, no bairro Estrela. 

Nada ainda

Passaram-se mais de 30 anos e a perimetral continua sendo um projeto. Acerca de 5 anos recebi um arquivo em Power Point mostrando o trajeto do contorno. Do papel, porém, só saiu uma parte, junto ao trevo de acesso a Paraíso, cuja obra foi interrompida por falta de recursos do PAC, do Governo Federal. O trajeto já não é mais o original, tendo sido estendido em direção ao Sul, passando agora pela Linha Santa Catarina e Alto Guamerim. Se demorar muito tempo, é provável que o trajeto tenha que ser novamente alterado.

Jornalista

Recebi uma cópia de duas folhas publicadas pelo jornal Voz da Fronteira. Ambas em “frente única”. O verso não trazia nada impresso. Uma publicação do dia 27 de julho de 1969. Outra, do dia 03 de agosto de 1969. Chama a atenção um texto escrito pelo Padre Aurélio Canzi, misto de padre, colonizador, conselheiro, 
“médico”, guru e como se vê, também “jornalista”, mesmo sem diploma. Ele descreve a saga dos primeiros moradores da Vila Oeste: “Já com o nome de Vila Oeste, começa uma nova epopeia, que só os peitos de aço a poderão escrever”.

Pioneiros

Lideranças como o Padre Aurélio, Alexandre Tiezerini, José Brizola e outros foram os pioneiros da imprensa local e regional. A Voz da Fronteira foi um veículo que nos permite olhar o passado e entender de onde viemos. Temos novos “operários das letras”, como dizia o falecido João Vieda nas páginas do Diário da Manhã de Chapecó, Darcy Schultz, no Celeiro e no próprio Diário da Manhã, Ademar Baldissera, na Peperi, e hoje, Edson Furhmann e Euclides Staub, nas páginas do jornal Imagem, entre outros. No rádio, Adilson Baldissera, capitaneando a Rede Peperi, ou Wolmir Hübner, no Sistema 103. Estes são os “pioneiros modernos”.

Milagreiro

No mausoléu do Padre Aurélio Canzi, no alto da gruta Nossa Senhora de Lurdes, um grande número de pessoas acende velas, escreve, e deixa cartas com pedidos e com agradecimentos por graças alcançadas. Imagina-se que rezar pelo Padre Aurélio traga frutos e graças, senão não haveria por que agradecer. Como católico, acredito na fé e reconheço que o padre tinha grande ascendência sobre seu rebanho. Pelo sim, pelo não, elevo minhas preces pela alma do religioso. Um empurrãozinho, se for para o bem, não faz mal a ninguém.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

O tráfico de armas da Argentina para o Brasil


Um jornalista cruzou caminhando o passo internacional em Bernardo de Irigoyen (Missiones) e com uma câmara oculta gravou como se pode comprar armas e munições a poucos metros do posto da Gendarmeria Nacional da Argentina.

Venda ilegal de armas em Missiones. (Reportagem RIC TV Record)

Ernesto Azarkevich
Missiones (Correspondente)
Tradução: AGEU VIEIRA          

Comprar ilegalmente armas de grosso calibre e munições na localidade de Bernardo de Irigoyen é muito fácil. Um canal brasileiro utilizou uma câmara oculta para mostrar a impunidade com que operam os vendedores a poucos metros da fronteira, diariamente custodiado por forte aparato policial.

O informe de RICTV Record, do Estado de Santa Catarina, mostra a tranquilidade com que se movem os vendedores e outras pessoas que agem como intermediários para Com ectar o comprador com as armas, e a ampla oferta de "ferros", em sua maioria com a numeração raspada.

Com  o título "Fronteira sem Lei", o jornalista mostrou a facilidade que é passar pelos controles da gendarmeria argentina e da aduana brasileira no passo internacional. O homem ingressou caminhando até a Argentina e cruzou pela parte traseira dos controles de fronteira sem que nada o advertisse. Apenas pisou em solo argentino e foi abordado pelos cambistas que compram e vendem reais e pesos para os viajantes de ambos países.


Em uma rua, em frente a um comércio, o vendedor pergunta o calibre do arma desejada pelo brasileiro. Não se surpreende quando o homem pede uma pistola calibre .40, uma nove milímetros ou um revólver calibre 38. "Tenho algumas, mas tenho que mandar trazê-las", diz em perfeito português. E avisa que a pistola que na Argentina usam as forças de segurança (9mm) tem um custo de 3.200 reais.

Como ao comprador pareceu um preço razoável, o homem fez uma chamada telefônica e acertou um encontro para o dia seguinte, a poucos metros da aduana, para mostrar o arsenal disponível.

No dia seguinte, o vendedor chega em seu automóvel junto com seu filho de três anos. Primeiro exibe um reluzente revólver calibre 38, oferecido por 3.000 reais, e um calibre 32 a 2.300 reais. O brasileiro tenta regatear o preço, mas o homem avisa que "está barato porque na Argentina vale 3.200 e ele está deixando por 3.000".

O traficante de armas assegura que também pode conseguir pistolas calibre 9 milímetros. "São seminovas, mas neste estado", diz, enquanto mostra o imaculado 38.

Num clima de muita confiança, o vendedor aconselha a cruzar com a arma pelo posto da aduana. "Ponha numa bolsa de plástico e cruza caminhando para não chamar a atenção. Se cruzas por aqui, ninguém desconfia", insistiu.

O automóvel se afasta, porém a arma cai em mãos de um dos intermediários. "Me deixa apenas para ver se quero depois", lhe diz o brasileiro, que se mostra indeciso.

O jornalista tampouco levou muito tempo para encontrar os lugares aonde conseguir munições. Um homem maior que atende um mercado assegura que só tem uma caixa remanescente. Porém, logo disse que pode vender-lhe cem caixas de balas calibre 38. Cada caixa custa 300 reais.

Em outro comércio também tem munições, mas o vendedor ainda oferece uma pistola calibre nove milímetros por 3.600 reais, um revólver calibre 38 e outros 357 Magnum. "Duplo acionamento, aqui está o carregador... é um inferno de máquina... com esta já dei uns tiros... meu Deus", diz ele enquanto aciona o mecanismo da nove milímetros e assegura que duas semanas antes vendeu uma similar por 6.200 reais.

Bernardo de Irigoyen já não mostra o febril movimento de anos anteriores. A forte desvalorização do real correu com os compradores brasileiros que buscavam fazer render seu dinheiro nos supermercados argentinos, mas outros seguem chegando em busca de drogas, cigarros e armas.

No pequeno município fronteiriço, distante 340 quilômetros da Capital, Posadas, há um esquadrão de gendarmeria e a Polícia de Missiones conta ainda com um comando, mas nenhuma das forças parece interessada em combater este tipo de delitos. Todavia, esta fresco na memória de todos o que ocorreu na noite de 29 de fevereiro de 2008, quando um pistoleiro assassinou com um tiro na cabeça Gabino Sánchez, diretor da aduana argentina, em uma clara mensagem mafiosa.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Eleição
Duas chapas estão se articulando para a disputa das eleições na subseccional da Ordem dos Advogados do Brasil em São Miguel do Oeste. Estão em andamento as montagens de chapas lideradas por Ari Borba Fernandes, advogado trabalhista, de um lado, e Júlio Bagetti, assessor jurídico da prefeitura, de outro. O grupo de Bagetti é ligado ao ex-presidente Antenor Andres Minetto, que exerceu a presidência da OAB por mais de 15 anos.

Três chapas
A nível estadual, três chapas deverão concorrer na eleição da OAB. O prazo para inscrição de chapas vai até 30 de setembro. Por enquanto, estão na disputa, extra-oficialmente, Paulo Brincas, Adriano Zanotto e Hélio Rubens Brasil. Nos próximos dias, o quadro deve ficar mais claro, com os apoios da categoria na região de fronteira. Os candidatos estaduais devem promover visitas aos advogados do Extremo Oeste.

Em campanha
Dez candidatos disputam as vagas para o Conselho Tutelar de São Miguel do Oeste. A eleição será realizada em 4 de outubro. O voto é facultativo. Os candidatos estão em campanha, abordando os eleitores nas ruas e entregando santinhos. Os eleitores poderão votar levando o título e um documento com foto, na urna instalada no Colégio São Miguel, no centro da cidade. Um bom momento para ver se o voto facultativo funciona e anima o eleitor.

Novo local
Pouca gente sabe, mas o Cartório Eleitoral da 45ª Zona Eleitoral está funcionando no segundo andar do prédio da Rede Peperi de Comunicação. Na internet, o endereço que aparece é o antigo, na esquina da Padre Aurélio Canzi com a Sete de Setembro. O cidadão vai até lá e não tem nada. Nem um cartaz, indicando o novo endereço. O pior é para quem procura informação no fórum. Muitos servidores do Judiciário, na semana passada, ainda não sabiam da mudança.

Microbacias
Denúncias de irregularidades no Programa de Microbacias, hoje denominado SC Rural, são de arrepiar os cabelos. O programa surgiu com o objetivo de fomentar o desenvolvimento em pequenas comunidades do interior, com a formação de associações e cooperativas. O dinheiro é repassado pelo Governo do Estado, por meio de financiamentos internacionais. Existem casos em que o resultado foi muito bom, com a implantação de pequenas indústrias, mas também existem distorções gravíssimas.

Falecido
Uma família da Linha Dois Irmãos, em São Miguel do Oeste, estranhou a divulgação de um documento do Programa de Microbacias da comunidade. Nele, constava o nome de uma pessoa da família como sendo sócia da associação. Detalhe: o familiar que fazia parte da associação, era falecido há alguns anos, antes mesmo da criação do microbacias. A viúva foi chamada e confirmou que a assinatura de seu falecido marido era falsa.

Arquivada
A denúncia da existência de um morto participando do Microbacias na Linha Dois Irmãos foi encaminhada ao Ministério Público Federal. Como não há dinheiro do Governo Federal envolvido, o procurador da República corretamente declarou incompetência, de ofício, e pediu o arquivamento, embora estivesse presente a materialidade do delito de falsificação de assinatura e indícios graves de irregularidades. O caso deveria parar na Promotoria de Justiça estadual, que é competente para investigar.

Bem vindos

O comércio de São Miguel do Oeste vem registrando um bom número de argentinos fazendo compras. O câmbio a quase quatro reais tornou baratos e atrativos os produtos vendidos pelo comércio local para os argentinos. Muitos empresários de São Miguel do Oeste se adaptaram rapidamente e já estão, inclusive, aceitando o pagamento em pesos e se arriscando no portunhol. O movimento não chega ao nível dos últimos meses do Governo Fernando Henrique, mas é um alento, nestes tempos bicudos e de vacas magras. 

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Braço forte

O desfile de Sete de Setembro, em São Miguel do Oeste, teve como ponto alto a participação do Exército. Até aí, novidade nenhuma. Sempre é o momento mais esperado. A novidade, este 
ano, foi a demonstração de força, com a apresentação de centenas de homens e um número muito expressivo de veículos e armas. Vejo como importante mostrar que o Exército não é apenas a mão amiga, mas também o braço forte em defesa da soberania nacional.

Contraponto

As pastorais capricharam no discurso, durante o desfile de Sete de Setembro. Uma exposição ideológica que surpreendeu muita gente. Destaque para o ataque frontal aos meios de comunicação, inclusive locais. Um número grande de pessoas, representando esse segmento da população participou do desfile. A impressão que ficou é que os movimentos ligados à Comissão Pastoral da Terra e às pastorais da Juventude resolveram usaram o desfile para marcar posição.

Número

Nas eleições de 2016, São Miguel do Oeste volta a ter 13 cadeiras na Câmara de Vereadores. Ao contrário da maioria, não vejo nisso um problema. Sou a favor do número de vereadores maior do que atualmente, com 9 vagas. Não é possível, a meu ver, tratar de forma igual o Legislativo de Barra Bonita, por exemplo, que tem 1.700 eleitores, e São Miguel do Oeste, com mais de 30 mil. Sem qualquer demérito para Barra Bonita. A lei está valendo e se não mudar até o final do mês, será a regra para a próxima eleição.

Qualidade

O que determina uma boa Câmara não é o número de vereadores. É a qualidade. Se o eleitor não souber escolher, tanto faz 9 ou 13. Vão acabar se elegendo pessoas que não tem a menor condição de discutir temas relevantes para o desenvolvimento da cidade. Acabam aparecendo figuras desqualificadas, ignorantes, serviçais de quem paga mais. Isso se reflete em todos os níveis, principalmente em Brasília. Não fossem os políticos sem caráter, ladrões e verdadeiros bandidos, nem se falaria em Mensalão, Petrolão ou Operação Lava-Jato.

Exemplos

A Câmara de Vereadores de São Miguel do Oeste foi o início de 
carreira de muitas lideranças regionais e estaduais, tendo daí saído representantes para a Assembléia Legislativa, Câmara dos 
Deputados e até para o Senado Federal. Como se diz, a disputa de uma vaga na Câmara de Vereadores é o vestibular para a política. Pena que nem sempre os exemplos de grandes lideranças são seguidos. Há casos em que a passagem pelo legislativo é tão insignificante que pouco tempo depois ninguém mais se lembra.

Servidor

É comum, devido ao inconsciente coletivo, considerar todo servidor como um ser abjeto, que ganha sem trabalhar e nada tem de compromisso com o serviço público. Na verdade, esse tipo de mau servidor é exceção. A regra são servidores corretos, honestos e que trabalham buscando o bem comum. Essa história de dizer que servidor só serve para “mamar” no serviço público é coisa de gente acostumada a esse comportamento ou discurso de quem confunde humildade com ignorância.

A crítica

Algumas pessoas não conseguem conviver com a crítica. É normal. Ninguém é preparado para ser avaliado negativamente. Todavia, político que não sabe conviver com isso, não deveria estar na vida pública. Quando escrevo algo, estou preparado para concordância ou discordância. Receber a crítica com respeito e elegância. Os políticos também deveriam agir assim. Uma pena que essa nem sempre é a prática. Mas, enfim, como disse Sócrates, há milênios: “fala para que eu te veja”. Para alguns, basta abrir a boca para que a população conheça a sua capacidade.