O tráfico de armas da Argentina para o Brasil
Um jornalista cruzou caminhando o passo internacional em Bernardo de Irigoyen (Missiones) e com uma câmara oculta gravou como se pode comprar armas e munições a poucos metros do posto da Gendarmeria Nacional da Argentina.
Venda ilegal de armas em Missiones. (Reportagem RIC TV Record)
Ernesto Azarkevich
Missiones (Correspondente)
Tradução: AGEU VIEIRA
Comprar ilegalmente armas de grosso calibre e munições na localidade de Bernardo de Irigoyen é muito fácil. Um canal brasileiro utilizou uma câmara oculta para mostrar a impunidade com que operam os vendedores a poucos metros da fronteira, diariamente custodiado por forte aparato policial.
O informe de RICTV Record, do Estado de Santa Catarina, mostra a tranquilidade com que se movem os vendedores e outras pessoas que agem como intermediários para Com ectar o comprador com as armas, e a ampla oferta de "ferros", em sua maioria com a numeração raspada.
Com o título "Fronteira sem Lei", o jornalista mostrou a facilidade que é passar pelos controles da gendarmeria argentina e da aduana brasileira no passo internacional. O homem ingressou caminhando até a Argentina e cruzou pela parte traseira dos controles de fronteira sem que nada o advertisse. Apenas pisou em solo argentino e foi abordado pelos cambistas que compram e vendem reais e pesos para os viajantes de ambos países.
Em uma rua, em frente a um comércio, o vendedor pergunta o calibre do arma desejada pelo brasileiro. Não se surpreende quando o homem pede uma pistola calibre .40, uma nove milímetros ou um revólver calibre 38. "Tenho algumas, mas tenho que mandar trazê-las", diz em perfeito português. E avisa que a pistola que na Argentina usam as forças de segurança (9mm) tem um custo de 3.200 reais.
Como ao comprador pareceu um preço razoável, o homem fez uma chamada telefônica e acertou um encontro para o dia seguinte, a poucos metros da aduana, para mostrar o arsenal disponível.
No dia seguinte, o vendedor chega em seu automóvel junto com seu filho de três anos. Primeiro exibe um reluzente revólver calibre 38, oferecido por 3.000 reais, e um calibre 32 a 2.300 reais. O brasileiro tenta regatear o preço, mas o homem avisa que "está barato porque na Argentina vale 3.200 e ele está deixando por 3.000".
O traficante de armas assegura que também pode conseguir pistolas calibre 9 milímetros. "São seminovas, mas neste estado", diz, enquanto mostra o imaculado 38.
Num clima de muita confiança, o vendedor aconselha a cruzar com a arma pelo posto da aduana. "Ponha numa bolsa de plástico e cruza caminhando para não chamar a atenção. Se cruzas por aqui, ninguém desconfia", insistiu.
O automóvel se afasta, porém a arma cai em mãos de um dos intermediários. "Me deixa apenas para ver se quero depois", lhe diz o brasileiro, que se mostra indeciso.
O jornalista tampouco levou muito tempo para encontrar os lugares aonde conseguir munições. Um homem maior que atende um mercado assegura que só tem uma caixa remanescente. Porém, logo disse que pode vender-lhe cem caixas de balas calibre 38. Cada caixa custa 300 reais.
Em outro comércio também tem munições, mas o vendedor ainda oferece uma pistola calibre nove milímetros por 3.600 reais, um revólver calibre 38 e outros 357 Magnum. "Duplo acionamento, aqui está o carregador... é um inferno de máquina... com esta já dei uns tiros... meu Deus", diz ele enquanto aciona o mecanismo da nove milímetros e assegura que duas semanas antes vendeu uma similar por 6.200 reais.
Bernardo de Irigoyen já não mostra o febril movimento de anos anteriores. A forte desvalorização do real correu com os compradores brasileiros que buscavam fazer render seu dinheiro nos supermercados argentinos, mas outros seguem chegando em busca de drogas, cigarros e armas.
No pequeno município fronteiriço, distante 340 quilômetros da Capital, Posadas, há um esquadrão de gendarmeria e a Polícia de Missiones conta ainda com um comando, mas nenhuma das forças parece interessada em combater este tipo de delitos. Todavia, esta fresco na memória de todos o que ocorreu na noite de 29 de fevereiro de 2008, quando um pistoleiro assassinou com um tiro na cabeça Gabino Sánchez, diretor da aduana argentina, em uma clara mensagem mafiosa.
Um jornalista cruzou caminhando o passo internacional em Bernardo de Irigoyen (Missiones) e com uma câmara oculta gravou como se pode comprar armas e munições a poucos metros do posto da Gendarmeria Nacional da Argentina.
Venda ilegal de armas em Missiones. (Reportagem RIC TV Record)
Ernesto Azarkevich
Missiones (Correspondente)
Tradução: AGEU VIEIRA
Comprar ilegalmente armas de grosso calibre e munições na localidade de Bernardo de Irigoyen é muito fácil. Um canal brasileiro utilizou uma câmara oculta para mostrar a impunidade com que operam os vendedores a poucos metros da fronteira, diariamente custodiado por forte aparato policial.
O informe de RICTV Record, do Estado de Santa Catarina, mostra a tranquilidade com que se movem os vendedores e outras pessoas que agem como intermediários para Com ectar o comprador com as armas, e a ampla oferta de "ferros", em sua maioria com a numeração raspada.
Com o título "Fronteira sem Lei", o jornalista mostrou a facilidade que é passar pelos controles da gendarmeria argentina e da aduana brasileira no passo internacional. O homem ingressou caminhando até a Argentina e cruzou pela parte traseira dos controles de fronteira sem que nada o advertisse. Apenas pisou em solo argentino e foi abordado pelos cambistas que compram e vendem reais e pesos para os viajantes de ambos países.
Em uma rua, em frente a um comércio, o vendedor pergunta o calibre do arma desejada pelo brasileiro. Não se surpreende quando o homem pede uma pistola calibre .40, uma nove milímetros ou um revólver calibre 38. "Tenho algumas, mas tenho que mandar trazê-las", diz em perfeito português. E avisa que a pistola que na Argentina usam as forças de segurança (9mm) tem um custo de 3.200 reais.
Como ao comprador pareceu um preço razoável, o homem fez uma chamada telefônica e acertou um encontro para o dia seguinte, a poucos metros da aduana, para mostrar o arsenal disponível.
No dia seguinte, o vendedor chega em seu automóvel junto com seu filho de três anos. Primeiro exibe um reluzente revólver calibre 38, oferecido por 3.000 reais, e um calibre 32 a 2.300 reais. O brasileiro tenta regatear o preço, mas o homem avisa que "está barato porque na Argentina vale 3.200 e ele está deixando por 3.000".
O traficante de armas assegura que também pode conseguir pistolas calibre 9 milímetros. "São seminovas, mas neste estado", diz, enquanto mostra o imaculado 38.
Num clima de muita confiança, o vendedor aconselha a cruzar com a arma pelo posto da aduana. "Ponha numa bolsa de plástico e cruza caminhando para não chamar a atenção. Se cruzas por aqui, ninguém desconfia", insistiu.
O automóvel se afasta, porém a arma cai em mãos de um dos intermediários. "Me deixa apenas para ver se quero depois", lhe diz o brasileiro, que se mostra indeciso.
O jornalista tampouco levou muito tempo para encontrar os lugares aonde conseguir munições. Um homem maior que atende um mercado assegura que só tem uma caixa remanescente. Porém, logo disse que pode vender-lhe cem caixas de balas calibre 38. Cada caixa custa 300 reais.
Em outro comércio também tem munições, mas o vendedor ainda oferece uma pistola calibre nove milímetros por 3.600 reais, um revólver calibre 38 e outros 357 Magnum. "Duplo acionamento, aqui está o carregador... é um inferno de máquina... com esta já dei uns tiros... meu Deus", diz ele enquanto aciona o mecanismo da nove milímetros e assegura que duas semanas antes vendeu uma similar por 6.200 reais.
Bernardo de Irigoyen já não mostra o febril movimento de anos anteriores. A forte desvalorização do real correu com os compradores brasileiros que buscavam fazer render seu dinheiro nos supermercados argentinos, mas outros seguem chegando em busca de drogas, cigarros e armas.
No pequeno município fronteiriço, distante 340 quilômetros da Capital, Posadas, há um esquadrão de gendarmeria e a Polícia de Missiones conta ainda com um comando, mas nenhuma das forças parece interessada em combater este tipo de delitos. Todavia, esta fresco na memória de todos o que ocorreu na noite de 29 de fevereiro de 2008, quando um pistoleiro assassinou com um tiro na cabeça Gabino Sánchez, diretor da aduana argentina, em uma clara mensagem mafiosa.
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