terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Brasileiros cruzam a fronteira para comprar armas ilegais na Argentina

Cruzando a pé a fronteira internacional em Bernardo de Irigoyen, na Província de Missiones, pode-se comprar armas e munições a poucos metros da delegacia da Polícia Federal.
Comprar ilegalmente armas de grosso calibre e munições na localidade de Bernardo de Irigoyen é muito fácil. Os vendedores atuam a poucos metros da fronteira, permanentemente policiado pela Gendarmería, no lado argentino, e pelas polícias Militar e Federal, no lado brasileiro.
É impressionante a tranquilidade com que se movem os vendedores e outras pessoas que agem como intermediários para conectar com os compradores. Há ampla oferta de armas, em sua maioria com a numeração raspada.
Recentemente um canal de televisão brasileiro (Rede Record) fez uma reportagem com o título "Fronteira sem Lei", onde um jornalista disfarçado mostrou a facilidade para comprar armas e iludir os controles de Gendarmería e da Aduana. O homem entrou na Argentina e passou por trás de algumas oficinas sem que ninguém fizesse qualquer advertência. Apenas foi abordado por cambistas que compram e vendem reais e pesos aos viajantes de ambos os países.

Na rua, em frente a um comércio, um vendedor perguntou o calibre da arma desejada pelo brasileiro. Não se surpreendeu quando o homem pediu uma pistola calibre .40, uma nove milímetros ou um revólver calibre 38. O vendedor apenas disse que tinha algumas, porém teria que mandar trazê-las, em perfeito português. E avisou que a pistola que na Argentina são usadas pelas forças de segurança, a 9 milímetros, tem um custo de R$ 3.200,00.
Como o comprador achou o preço razoável, o vendedor fez uma chamada telefônica e acertou o encontro para o dia seguinte, a poucos metros da Aduana, para mostrar o arsenal disponível.
No horário combinado, o vendedor chega em um automóvel e oferece um revólver calibre 38 por R$ 3.000,00 e um calibre 32 por R$ 2.300,00. O brasileiro busca regatear o preço, porém o homem avisa que "está barato porque vale R$ 3.200,00 e está deixando por R$ 3.000,00".
O traficante assegura que também pode conseguir pistolas 9 milímetros. "São seminovas, mas em estado de novas".
Em outro comércio também tem munições. O vendedor oferece uma pistola 9 milímetros por R$ 3.600,00, um revólver calibre 38 e outras 357 Magnum e assegura que duas semanas antes vendeu uma similar por R$ 6.200,00.
Bernardo de Irigoyen já não mostra o febril movimento de anos anteriores. A forte desvalorização do real correu com os compradores brasileiros que buscavam fazer render o dinheiro nos supermercados argentinos, mas outros seguem chegando em busca de drogas, cigarros e armas.


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