quarta-feira, 6 de abril de 2016

Jogo duro
A Operação Caçamba, que na semana passada movimentou os bastidores da política de São Miguel do Oeste, é um sinal dos tempos. Nem só de Lavajato vivem os políticos e empresários acostumados a se aboletar nos cofres públicos. Policiais federais, civis e promotores percorreram prefeituras e empresas, levaram presos alguns envolvidos e coercitivamente algumas pessoas cujos depoimentos eram necessários. Em São Miguel do Oeste, a operação chegou na prefeitura e levou documentos do setor de licitações e de compras, relativos aos anos de 2010, 2011 e 2012.

Susto
O setor de compras e de licitações da prefeitura estava trabalhando normalmente, quando chegaram os integrantes da Operação Caçamba. Na hora foi um susto. Afinal, quem trabalha no setor público é telhado e está sujeito a pedras e bodocadas. As explicações dos investigadores revelaram que os problemas eram do governo anterior. Sem problemas, nesse caso, com o governo João Valar. O próprio prefeito acompanhou a ação e explicou aos policiais que está “fazendo tudo certinho”, ouvindo deles a informação de que nada tinha a ver com a administração atual.

Documentos
A operação levou documentos relativos a processos licitatórios e de compras para aprofundar as investigações. A operação começou com o nome de Patrola, em Tangará, e após uma delação premiada de um empresário, que abriu o jogo para os promotores do GAECO, foram efetuadas prisões também em Joaçaba e Chapecó. Agora, já com o nome Caçamba, chegou também ao Extremo-Oeste. A investigação busca desvendar detalhes da denúncia de fraude em licitações para compra e reforma de máquinas, onde o empresário delator informou que pagava propinas de até 35 mil reais em cada serviço para as prefeituras.

Antiga
A história de prefeitos, secretários e servidores públicos que cobram propinas pelo serviço de recuperação de máquinas não é recente e se repete em vários municípios da região. Há muito, um amigo que atua no setor, me dizia que prefeitos costumavam cobrar propina em todo tipo de negócio com máquinas. Sem propina, meu amigo não conseguia negociar com algumas prefeituras. Alguns prefeitos tinham a cara de pau de falar para o empresário que precisavam de um automóvel novo, em nome do filho ou da esposa, para fechar o negócio. Outro, avisava quando estava saindo de férias e passava na empresa para pegar o “caixinha” em dinheiro vivo. Tinha um, já falecido, que vinha a São Miguel do Oeste, todos os meses, para receber “a sua parte em dinheiro” numa empresa da cidade.

Outros casos
A região vem sendo sacudida com casos de prefeitos com os bens indisponíveis, de pessoas condenadas a devolver dinheiro, não apenas pela compra de máquinas e reformas. A contratação de advogados e contadores é outro foco importante do Ministério Público. A falta de cumprimento de horário, a contrapartida em troca do salário, é outro problema, tanto em prefeituras quanto em câmaras. O emprego é só uma “boquinha” para afiliados políticos. E a contratação sem concurso, sem teste seletivo, para cargos que deveriam ser de provimento efetivo também é comum. É tudo irregular e as promotorias estão fazendo a festa. É bom ficar de olho e fazer as coisas dentro da lei, para não acabar recebendo visitas inesperadas e desagradáveis.


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