quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Desafios
O novo governo terá alguns desafios importantes a partir do ano que vem. O primeiro deles será manter a casa em ordem. E não imaginem que será uma tarefa simples. A queda de arrecadação, fruto de uma crise sem precedentes no Brasil, tem reflexos de efeito retardado sobre as prefeituras. O prefeito Wilson Trevisan, com formação em Administração, tem plenas condições de gerir esse quadro de dificuldades. O problema deve persistir pelo menos nos primeiros meses de governo.

Acomodar
O segundo grande desafio de Wilson Trevisan será acomodar o time inteiro no governo. Muita gente aderiu com a perspectiva de trabalhar na prefeitura. Tal expectativa conflita com o quadro econômico e financeiro do município, que sugere pé no freio. Como encontrar um meio termo que combine economia de gastos com a acomodação de companheiros de campanha eleitoral, sem gerar descontentamento e desgastes? Nesse caso, a habilidade administrativa não é suficiente. É preciso também habilidade política.

Já fez
Tem-se visto a nível nacional o esforço do INSS para revisar todos os benefícios de auxílio doença concedidos há mais de dois anos. Há muita falcatrua e muita gente recebendo indevidamente. O esforço é louvável e necessário, já que a Previdência Social também está quebrada, como de resto quase todas as autarquias. Em São Miguel do Oeste, ao contrário, todo o trabalho de revisão já foi efetuado pela equipe comandada pelo chefe da agência, Fernando Gusmão, antes mesmo da decisão do governo de rever os benefícios.

Atento
O promotor de Justiça, Cyro Guerreiro, está muito atuante nos casos de improbidade administrativa no gerenciamento de recursos. Há situações estranhas sendo investigadas, principalmente em relação à assinatura de convênios por entidades junto aos órgãos públicos objetivando o repasse de recursos. O alvo dos aproveitadores é sempre o dinheiro do cidadão. E as práticas são criativas, incluindo a falsificação de assinaturas para a montagem de empresas, para receber dinheiro público por meio de convênios.

Fraude
O Jornal Imagem foi objeto de uma fraude que pode ter sido decisiva nas eleições deste ano em Riqueza. O jornal não circula naquela cidade. Mesmo assim, dias antes da eleição circulou. Alguém, que a Justiça Eleitoral está tentando identificar, imprimiu uma “edição especial”, usando o logotipo do Jornal Imagem, anunciando que o Ministério Público estava pedindo a cassação do prefeito, que concorria a reeleição. O prefeito perdeu a eleição por 30 votos. O Jornal Imagem, obviamente, jamais fez a edição distribuída em Riqueza. Quem cometeu a fraude tem conhecimento da edição de jornais...

Outra
O Ministério Público instaurou ação por crime previsto na Lei de Licitações, contra o ex-prefeito Nelson Foss da Silva, Marina Guerini e Ivanor Simon, que era secretário de Administração, em 2010. A denúncia é de inexigibilidade ilegal de licitação para contratação da empresa Gnoatto e Moresco Advogados Associados, para a prestação de serviço de assessoria jurídica, a fim de ajuizar ação judicial objetivando o recebimento das parcelas correspondentes a 25% de arrecadação de ICMS, sem as retenções no financiamento do PRODEC. A ação foi proposta pelo MP em agosto deste ano.

Salgada
A ação proposta pelos advogados Cleyton Moresco e Paulo Gnoatto custaria aos cofres da prefeitura a singela soma de 375 mil reais, equivalente a 15% do valor recuperado, que seria de 2 milhões e 500 mil reais. Nada contra os honorários dos profissionais. O problema foi a dispensa ilegal da licitação para celebrar o contrato com o Poder Público. Ainda mais se pensar que a prefeitura tem assessoria, com advogados competentes, concursados e comissionados, em condições de propor qualquer ação. Sem falar nos demais advogados da cidade, que poderiam concorrer se fosse feita a licitação.


quarta-feira, 19 de outubro de 2016

O novo
A Câmara de Vereadores, a partir de janeiro, vai ser muito diferente da atual. Ao invés de nove vereadores, serão treze. A maioria vai ser exercida por, no mínimo, sete vereadores, o que amplia a necessidade de discussão e articulação. Se o governo pretender a maioria, para garantir a famigerada “governabilidade” terá que ampliar o leque de partidos para além da coligação. É com esse objetivo que o prefeito Wilson Trevisan reuniu alguns dos vereadores eleitos já na primeira semana após 2 de outubro.

O novo I
Alguns estreantes na Câmara de Vereadores chegam na condição de surpresas e de confirmações. Dois que eram apontados em todas as projeções, confirmaram e vão para a Câmara pela primeira vez: Vagner dos Passos e Cássio da Silva. Chegam ungidos por votação expressiva e com grande expectativa junto ao eleitorado. Algumas surpresas também aconteceram. Uma delas foi a eleição do vereador mais velho da história, Odemar Marques. Agora, ele deixa as ruas, o carrinho de mão e a enxada para trocar tudo pela canetas e pelos gabinetes.

O velho
O vereador mais votado da cidade passa ser também o mais experiente. Vanirto Conrad é um remanescente de outros dois mandatos. Foram reeleitos Cláudio Barp, José Giovenardi, Maria Tereza Capra e Gilberto Berté, mas todos eles só tinham exercido um único mandato. Teve gente que voltou à Câmara, como Milto Annoni, mas não como vereador reeleito. Será que, finalmente, Vanirto terá sua chance de exercer a presidência do Legislativo? Nas tentativas anteriores, por acordos, o pedetista foi preterido na última hora e ficou pelo caminho.

A mulher
A representação feminina na Câmara, não mudou. Ou melhor: encolheu. Duas mulheres eleitas. Maria Tereza Capra e Sílvia Kuhn. O PMDB, que elegera Cristiane Zanatta, em 2010, e agora elegeu a professora Sílvia, num belíssimo trabalho do PMDB Mulher, segmento fortíssimo do partido. Maria Tereza se consolidou como o melhor nome do PT. E único, aliás. Como o número de vereadores aumentou e o número de mulheres eleitas se manteve dá para dizer que a representatividade feminina no Legislativo diminuiu. É um desafio para as duas, pois as pautas que interessam às mulheres terão que ser asseguradas por Maria Tereza e Sílvia em meio a 11 homens.


Prontuário
Muito tem se falado no prontuário eletrônico, como uma solução para a logística envolvendo diagnósticos, exames, medicamentos e histórico de pacientes atendidos nos postos de saúde, UPA e hospitais. Pela lei, tudo deverá estar nos computadores, para acesso eletrônico de médicos, enfermeiros e profissionais da saúde, até o final do ano. O papel, nas unidades de saúde, deverá ser extinto até o final do ano. Em São Miguel do Oeste ainda tem muita coisa para ser feita, como de resto na maioria dos municípios do Brasil.

Lombadas
Muitas reclamações pela retirada das lombadas da Willy Barth. Muitas reclamações pelo abuso de motoristas e da alta velocidade empreendida naquela via. Já tivemos muitas mortes na Willy Barth. Já tivemos protestos e manifestações. Não está na hora de corrigir o mal feito e recolocar as lombadas, eletrônicas ou físicas na rodovia. Teremos que esperar que mais vidas se percam para que seja tomada uma medida posterior? Se a Willy Barth é uma rodovia federal, que o DNIT tome as providências. Se a prefeitura ainda tem alguma responsabilidade, que assuma. O que não pode é o cidadão fica à mercê desse jogo de empurra.


quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Oposição
Os vereadores oposicionistas - diga-se, PT e PR - estiveram reunidos em torno da chapa da vereadora Cristiane Zanatta na eleição municipal. Essa chapa obteve exatos 3.848 votos, o que equivale a 18,02%. Embora o barulho tenha sido grande, o respaldo da população não chegou a 20% dos votos válidos. Dos três vereadores que concorreram à reeleição, dois se reelegeram: José Giovenardi e Maria Tereza Capra. Juarez da Silva ficou pelo caminho. O quarto vereador de oposição, Idemar Guaresi, era vice de Cris Zanatta e também fica fora da próxima Câmara.

Última
O que se pode avaliar do desempenho da oposição nas urnas? Maria Tereza Capra, ao que parece, transcendeu ao desgaste de seu partido, o PT. Diga-se, também, quem fez uma campanha sem usar as marcas tradicionais do partido, usando preferencialmente o rosa como cor de seu material de divulgação. Antes mesmo da campanha, Maria Tereza mostrava-se preocupada com os rumos do PT, mas não via alternativas viáveis para afastar-se da sigla. Ruim com ela, pior sem ela. Assim, ficou e hoje é a única representante do PT com mandato em São Miguel do Oeste.

Sem eco
Ficou evidenciado na eleição que o eleitor de São Miguel do Oeste não se deixa levar pela crítica pura e simples. Bater e bater não ganha voto. O eleitor local prefere a campanha propositiva, onde o candidato expõe o que pretende fazer. Isso também leva a uma reflexão mais aprofundada. Porquê o eleitor age assim? Estará de acordo com as ações do governo, deixando a oposição sem eco, ou será porque realmente não gosta de críticas ou polêmicas sem muito fundamento? Afinal, foram mais de 80% dos votos para partidos que estavam e estão juntos no governo até o final do ano.

Governo
Os candidatos Wilson Trevisan (PSD), Airton Fávero (PMDB) e Carlinhos Gerhard (PDT), não podiam ser classificados como oposição, nas eleições do dia 2. Os três partidos e a maioria de seus dirigentes estavam ou estão no governo. A bem das verdade, até Cris Zanatta era governo até pouco tempo, quando deixou o PMDB e aliou-se ao PT. Juntos, os três partidos governistas fizeram 17.578 votos, ou 81,98%. Talvez tenha faltado um articulador ao estilo Luiz Henrique da Silveira para colocá-los todos na mesma canoa.


Funciona
A Coopafesmo, cooperativa criada no governo de Nelson Foss da Silva e que pretendia assumir a feira livre, contrariando o desejo dos feirantes, foi retirada do local. Sem alvará, a cooperativa ficou impedida de funcionar na feira livre. Uma ação judicial tramita no fórum questionando a criação da cooperativa, já que assinatura de vários feirantes, colocados como fundadores, foi falsificada. Os feirantes, de outra parte, estão abrindo a feira todos os dias, com bom público, prova de que uma feira livre municipal funciona e é viável para os feirantes e para a população.

Agora vai?
A amigos e pessoas mais próximas, Wilson Trevisan tem dito que uma das primeiras medidas que irá adotar no início do governo é a ativação do estacionamento rotativo. Compromisso assumido com os comerciantes do centro da cidade, Trevisan quer cumprir a promessa e ativar o estacionamento, que já foi aprovado em todas as instâncias, no legislativo. Ao que tem dito, a proposta pode ter algumas alternativas, como o estacionamento gratuito, pelo menos durante algum período de tempo. Se vai funcionar, é o xis da questão. Tem muita gente que não quer nem ouvir falar em estacionamento pago.

Parque
Há muito, prefeitura e o Lions Clube tem trabalhado para a criação de um parque ambiental e ecológico na cidade. Já se tentou a área do Agostini, próximo à Matacura, sem sucesso. Já se tentou a área do CAPETI, no Santa Rita, também sem sucesso. Agora, o prefeito João Valar pretende encaminhar à Câmara de Vereadores projeto de cessão parcial de uma área no bairro Salete, onde deve ser implantado o parque ecológico Melvin Jones. O Lions Clube Universidade entraria como “cuidador” da área, que continuaria a pertencer ao município.


quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Soberano

As eleições de domingo foram as mais tranquilas da história de São Miguel do Oeste. Sem incidentes, sem denúncias de irregularidades graves, sem violência, aparentemente sem compra de votos, sem prisões e sem boca de urna. E a cidade terminou limpa, se comparadas às ruas depois de eleições anteriores.
O prefeito eleito, Wilson Trevisan, teve apenas um contratempo mais sério, que foi a substituição de seu candidato a vice-prefeito, no meio da campanha. A saída de Gilmar Baldissera não chegou a representar uma perda significativa na medida em que seu fiel escudeiro, Alfredo Spier, foi quem o substituiu.
O Partido Progressista, de grande perdedor em 2012, passou a ser um dos grandes vencedores de 2016, uma vez que recuperou a representação no Poder Legislativo e elegeu o vice-prefeito. Quem perdeu? A meu ver, o maior derrotado foi o PT, que encolheu em número de votos e ficou com somente um vereador. Só não ficou fora da Câmara graças ao bom trabalho da vereadora Maria Tereza Capra, reconhecido pelo eleitor nas urnas.
Agora, vencidos e vencedores precisam completar o último ato do processo eleitoral: curvar-se diante da opinião pública. Aceitar o resultado e avaliar o que deu certo e o que deu errado. Ao vencedor é importante a humildade para saber por quê venceu. Ao derrotado, é preciso entender por quê perdeu e reconhecer a vontade soberana da população. Afinal de contas, não há democracia sem que a opinião de Sua Excelência, o povo, seja respeitada.

Nenhuma

Os institutos de pesquisa fizeram fiasco de novo em São Miguel do Oeste. Em 2012, já tinham saído seriamente arranhados. Agora, perderam a credibilidade de vez. Ninguém foi capaz de prever que a candidata Cris Zanatta ficaria em último lugar. Teve pesquisa apontando a tucana em segundo e pesquisas internas até em primeiro. Carlinhos Gerhard, do PDT, que em todas foi apontado como último, fez uma excelente votação e terminou em terceiro. Agora, o que se pergunta é qual o papel das pesquisas, se elas nunca acertam?

Salvou

O único acerto dos institutos de pesquisas foi a do Folha, que acertou o índice de Wilson Trevisan, o vencedor da eleição. E foi só. Errou ao apontar Cris Zanatta como segunda colocada. Ficou em último. Errou ao colocar Airton Fávero como terceiro. Terminou em segundo. Errou ao colocar Carlinhos Gerhard em último. Terminou em terceiro. A impressão é que todas foram elaboradas sob medida. O grande prejudicado pelas pesquisas foi o candidato do PDT, que aparecia em último em todas elas.

Comício

O pouco público no comício de encerramento da campanha do PSD não foi devidamente avaliado. Tinha mais gente no Subway, onde havia promoção, do que no evento político, que acontecia na frente. Muita gente achava que isso era sinal de que Wilson Trevisan estava sem apoio do eleitor. Leitura equivocada, que acabou desmentida nas urnas. Talvez o que isso tenha significado é que o povo não está mais interessado nesse tipo de atividade política, em discursos, foguetórios, nas velhas práticas.

6 em 9

O candidato do PMDB, Airton Fávero, reconheceu a vitória de Wilson Trevisan, a quem desejou um bom governo, e disse que nas últimas nove eleições, o partido ganhou seis, ficando de fora apenas nos mandatos de Gilmar Baldissera, Nelsinho, e agora, com Trevisan. Reconheceu também que se tivesse concorrido junto com o PDT, o resultado teria sido outro. Mas também enalteceu os projetos do PDT e do PMDB, que decidiram concorrer sozinhos, em busca de novos caminhos no município.

Surpresa

A grande surpresa, e cuja leitura ainda precisa ser feita, foi a eleição do vereador Odemar Marques. Deve ser o vereador mais idoso da história de Santa Catarina. De São Miguel do Oeste é com certeza. Com 84 anos, sendo eleito pela primeira vez, o vereador tem o ensino fundamental incompleto e se destacou trabalhando na limpeza das ruas da cidade, com um carrinho de mão, uma pá e uma enxada. Fez quase 700 votos. A campanha foi com parcos recursos e o resultado foi expressivo.

Maioria

A maioria dos vereadores se reelegeu. Seis postulavam novo mandato e apenas o petista Juarez da Silva não conseguiu. Foram reeleitos Gilberto Berté, Cláudio Barp, Vanirto Conrad, José Giovenardi e Maria Tereza Capra. Ficam de fora, além de Juarez, Idemar Guaresi, que concorreu a vice-prefeito, Cris Zanatta, que perdeu o mandato e concorria e prefeita, Dete Fabiani, que concorria à vice-prefeita, e Nini Scharnoski, que não concorreu a nada. A renovação foi muito menor do que em 2012, quando só Scharnoski tinha sido reeleito.

Erros

O que levou Cris Zanatta ao último lugar? A candidata do PSDB tinha um potencial para fazer uma votação expressiva, mas erros na condução da campanha foram determinantes. A escolha do vice, Idemar Guaresi, foi um deles. Com sérios problemas jurídicos, o vice não ajudou em nada e ainda prejudicou a candidata. A falta de estrutura partidária também prejudicou, mas o PT, que deveria abastecer a campanha com militância, entrou rachado. Muita gente não queria aliança com o PSDB. Por fim, a exposição de Nelsinho, carimbado com a denúncia de corrupção pela Operação Patrola, em vídeo no último dia de campanha foi a pá de cal.

Giratória

A candidata Cris Zanatta disparou a metralhadora giratória em entrevista na Rádio Peperi, após a confirmação do resultado eleitoral. Falou em campanha difamatória, cobrou do PT, que não teria se dedicado à campanha como ela esperava, e por fim cobrou até das mulheres. Segundo ela, as mulheres representam 52% do eleitorado de São Miguel do Oeste e não era de se esperar que votassem em candidatos homens. Disse até que o prefeito João Valar andou pedindo voto para Wilson Trevisan na casa de eleitores. Ou seja: estavam todos contra Cris Zanatta.

Sem ataques


O eleitor deixou bem claro, nas urnas, que não gosta de ataques na campanha eleitoral. Quem partiu para a crítica escancarada foi a candidata do PSDB. Ficou em último. Trevisan fez uma campanha light, bem estruturada, com bom aporte de recursos e ganhou a prefeitura. Fávero também não criticou ninguém, fez uma campanha propositiva e chegou em segundo. Carlinhos Gerhard, com uma estrutura mínima, sem críticas, foi o terceiro. O que foi decisivo? Um candidato conhecido e uma estrutura profissional de campanha eleitoral. Ninguém mais ganha uma eleição majoritária com improvisação.