quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Soberano

As eleições de domingo foram as mais tranquilas da história de São Miguel do Oeste. Sem incidentes, sem denúncias de irregularidades graves, sem violência, aparentemente sem compra de votos, sem prisões e sem boca de urna. E a cidade terminou limpa, se comparadas às ruas depois de eleições anteriores.
O prefeito eleito, Wilson Trevisan, teve apenas um contratempo mais sério, que foi a substituição de seu candidato a vice-prefeito, no meio da campanha. A saída de Gilmar Baldissera não chegou a representar uma perda significativa na medida em que seu fiel escudeiro, Alfredo Spier, foi quem o substituiu.
O Partido Progressista, de grande perdedor em 2012, passou a ser um dos grandes vencedores de 2016, uma vez que recuperou a representação no Poder Legislativo e elegeu o vice-prefeito. Quem perdeu? A meu ver, o maior derrotado foi o PT, que encolheu em número de votos e ficou com somente um vereador. Só não ficou fora da Câmara graças ao bom trabalho da vereadora Maria Tereza Capra, reconhecido pelo eleitor nas urnas.
Agora, vencidos e vencedores precisam completar o último ato do processo eleitoral: curvar-se diante da opinião pública. Aceitar o resultado e avaliar o que deu certo e o que deu errado. Ao vencedor é importante a humildade para saber por quê venceu. Ao derrotado, é preciso entender por quê perdeu e reconhecer a vontade soberana da população. Afinal de contas, não há democracia sem que a opinião de Sua Excelência, o povo, seja respeitada.

Nenhuma

Os institutos de pesquisa fizeram fiasco de novo em São Miguel do Oeste. Em 2012, já tinham saído seriamente arranhados. Agora, perderam a credibilidade de vez. Ninguém foi capaz de prever que a candidata Cris Zanatta ficaria em último lugar. Teve pesquisa apontando a tucana em segundo e pesquisas internas até em primeiro. Carlinhos Gerhard, do PDT, que em todas foi apontado como último, fez uma excelente votação e terminou em terceiro. Agora, o que se pergunta é qual o papel das pesquisas, se elas nunca acertam?

Salvou

O único acerto dos institutos de pesquisas foi a do Folha, que acertou o índice de Wilson Trevisan, o vencedor da eleição. E foi só. Errou ao apontar Cris Zanatta como segunda colocada. Ficou em último. Errou ao colocar Airton Fávero como terceiro. Terminou em segundo. Errou ao colocar Carlinhos Gerhard em último. Terminou em terceiro. A impressão é que todas foram elaboradas sob medida. O grande prejudicado pelas pesquisas foi o candidato do PDT, que aparecia em último em todas elas.

Comício

O pouco público no comício de encerramento da campanha do PSD não foi devidamente avaliado. Tinha mais gente no Subway, onde havia promoção, do que no evento político, que acontecia na frente. Muita gente achava que isso era sinal de que Wilson Trevisan estava sem apoio do eleitor. Leitura equivocada, que acabou desmentida nas urnas. Talvez o que isso tenha significado é que o povo não está mais interessado nesse tipo de atividade política, em discursos, foguetórios, nas velhas práticas.

6 em 9

O candidato do PMDB, Airton Fávero, reconheceu a vitória de Wilson Trevisan, a quem desejou um bom governo, e disse que nas últimas nove eleições, o partido ganhou seis, ficando de fora apenas nos mandatos de Gilmar Baldissera, Nelsinho, e agora, com Trevisan. Reconheceu também que se tivesse concorrido junto com o PDT, o resultado teria sido outro. Mas também enalteceu os projetos do PDT e do PMDB, que decidiram concorrer sozinhos, em busca de novos caminhos no município.

Surpresa

A grande surpresa, e cuja leitura ainda precisa ser feita, foi a eleição do vereador Odemar Marques. Deve ser o vereador mais idoso da história de Santa Catarina. De São Miguel do Oeste é com certeza. Com 84 anos, sendo eleito pela primeira vez, o vereador tem o ensino fundamental incompleto e se destacou trabalhando na limpeza das ruas da cidade, com um carrinho de mão, uma pá e uma enxada. Fez quase 700 votos. A campanha foi com parcos recursos e o resultado foi expressivo.

Maioria

A maioria dos vereadores se reelegeu. Seis postulavam novo mandato e apenas o petista Juarez da Silva não conseguiu. Foram reeleitos Gilberto Berté, Cláudio Barp, Vanirto Conrad, José Giovenardi e Maria Tereza Capra. Ficam de fora, além de Juarez, Idemar Guaresi, que concorreu a vice-prefeito, Cris Zanatta, que perdeu o mandato e concorria e prefeita, Dete Fabiani, que concorria à vice-prefeita, e Nini Scharnoski, que não concorreu a nada. A renovação foi muito menor do que em 2012, quando só Scharnoski tinha sido reeleito.

Erros

O que levou Cris Zanatta ao último lugar? A candidata do PSDB tinha um potencial para fazer uma votação expressiva, mas erros na condução da campanha foram determinantes. A escolha do vice, Idemar Guaresi, foi um deles. Com sérios problemas jurídicos, o vice não ajudou em nada e ainda prejudicou a candidata. A falta de estrutura partidária também prejudicou, mas o PT, que deveria abastecer a campanha com militância, entrou rachado. Muita gente não queria aliança com o PSDB. Por fim, a exposição de Nelsinho, carimbado com a denúncia de corrupção pela Operação Patrola, em vídeo no último dia de campanha foi a pá de cal.

Giratória

A candidata Cris Zanatta disparou a metralhadora giratória em entrevista na Rádio Peperi, após a confirmação do resultado eleitoral. Falou em campanha difamatória, cobrou do PT, que não teria se dedicado à campanha como ela esperava, e por fim cobrou até das mulheres. Segundo ela, as mulheres representam 52% do eleitorado de São Miguel do Oeste e não era de se esperar que votassem em candidatos homens. Disse até que o prefeito João Valar andou pedindo voto para Wilson Trevisan na casa de eleitores. Ou seja: estavam todos contra Cris Zanatta.

Sem ataques


O eleitor deixou bem claro, nas urnas, que não gosta de ataques na campanha eleitoral. Quem partiu para a crítica escancarada foi a candidata do PSDB. Ficou em último. Trevisan fez uma campanha light, bem estruturada, com bom aporte de recursos e ganhou a prefeitura. Fávero também não criticou ninguém, fez uma campanha propositiva e chegou em segundo. Carlinhos Gerhard, com uma estrutura mínima, sem críticas, foi o terceiro. O que foi decisivo? Um candidato conhecido e uma estrutura profissional de campanha eleitoral. Ninguém mais ganha uma eleição majoritária com improvisação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário